sexta-feira, 25 de abril de 2014

Ameaças à Biodiversidade




A Biodiversidade "oferece" um vasto leque de serviços que contribuem para o bem estar humano e para a preservação dos ecossistemas.
Contudo, a sua proteção não se poderá fazer sem o conhecimento que nos consciencializa para o facto de determinadas espécies poderem desaparecer antes mesmo de termos tempo para as conhecer e estudar "we know more about the total numbers of atoms in the universe than about Earth´s complement of species" (Myers, 1996)]. 
Atualmente, assistimos à depleção de espécies a um ritmo que pode tornar difícil a salvaguarda dos ecossistemas tal como os conhecemos - estima-se que cerca de 20% das espécies de plantas e mais ainda de espécies animais, estejam confinadas a 0.5% da superfície terrestre, sendo aí, endémicas. Contudo, se os habitats locais forem destruídos ou eliminados, estas espécies extinguir-se-ão (Myers, 1996).

Os lagos e os rios contêm pelo menos 8,400 espécies de peixes (cerca de 40% das espécies identificadas até ao momento). Estes sistemas aquáticos suportam cerca de um quarto da diversidade conhecida, em menos de 0.01% da água disponível no Planeta. Contudo, estão a ser destruídos a um ritmo superior ao das florestas tropicais. Segundo Myers (1996) os lagos Victoria, Tanganyika e Malawi albergam aproximadamente 1,450 espécies de peixes, sendo que cerca de 76% das espécies conhecidas, são endémicas.
As zonas húmidas também se encontram em perigo, uma vez que o homem as tenta adaptar para que supram as suas necessidades. Por isto, perdeu-se cerca de metade das zonas húmidas mundiais, no decurso no século XX. O Pantanal é a zona húmida mais conhecida e, também, uma das mais fustigadas - pela agricultura, pela desflorestação, pela construção de barragens e diques, pela exploração mineira e industrial, pela sobrepesca, pela sobrecaça, ... 

Apesar de tudo, nas últimas décadas vêem-se implementando políticas/medidas nacionais e internacionais, e desenvolvendo ações educativas, de consciencialização e de esclarecimento, que colocam estas problemáticas na ordem do dia.

Neste sentido, vem o Millenium Ecosystem Assessment (2005) destacar cinco causas globais que decorrem, essencialmente, de ações antropogénicas. São elas causas demográficas; sociopolíticas; económicas; culturais e religiosas; científicas e tecnológicas.
Não obstante, a perda e fragmentação de habitats; a introdução de espécies invasoras; a sobreexploração dos recursos naturais, com o aumento crescente do consumo e dos gastos dos serviços ecossistémicos, e o recurso aos combustíveis fósseis; o uso excessivo de espécies de animais e plantas, bem como, a utilização dos solos como terrenos agrícolas e com criação intensiva de gado; a redução da diversidade genética; a contaminação das águas, dos solos e da atmosfera, devido a poluentes e a mudanças nos cursos de água, drenagem de pântanos e de outras zonas húmidas; as alterações climáticas; a poluição; o turismo e,o aumento da população global, "engrossam" a lista de causas a ameaçar a saúde dos ecossistemas  ...

Os níveis atuais de alteração e de perda da diversidade biológica excedem, em muito, os do passado e, no geral, não mostram sinais de abrandamento. A titulo de exemplo, refira-se que a percentagem de terra convertida em pastagens nos anos que se seguiram à década de 1950, foi maior do que nos 150 anos entre 1700 e 1850 "More lans was converted to cropland in the 30 years after 1950 than in the 150 years between 1700 e 1850" (Millenium Ecosystem Assessment, 2005). Embora as mudanças se façam sentir, sobretudo, nos países em vias de desenvolvimento (mais frágeis e mais vulneráveis), atualmente, os países industrializados já sentem alterações consideráveis.

Apesar da história nos mostrar que, no passado, ocorreram episódios de extinção em massa, é certo que os padrões atuais tendem a fazer desaparecer não apenas as espécies como também os meios que podem permitir a restauração dos ecossistemas. Neste cenário, estima-se que, a existir um período de recuperação, será muito longo "a minimum of 5 million years" (Myer, 1996) e muito penoso para as gerações vindouras "The present generation is effectively impsing a decision on the unconsulted behalf of at least 200.000 follow-on generations" (Myer, 1996).

Assim, "only by monitoring the state of global diversity, the drivers that affect it, and the impact of interventions designed to protect it, will we be able to identify and implemnet the most cost-effective and efficient responses to biodiversity loss" ( WWF, 2010)


Referências:
Millennium Ecosystem Assessment Report (2005) Ecosystems and Human Well-being, Biodiversity Synthesis. World Resources Institute, Washington, DC

MYERS, Norman (1996). The Rich Diversity of Biodiversity Issues in Biodiversity II: Understanding and Protecting our Biological Resources, Washington DC

WWF (2010). For a living planet. "2010 and Beyond: Rising to the Biodiversity Challenge". Global Footprint Network. Disponível em http://www.footprintnetwork.org/images/uploads/CBD_2010_and_Beyond.pdf




 Flora, 900942

terça-feira, 22 de abril de 2014

Dia da Terra

SABIA QUE... ??


O Dia da Terra “nasce” a 22 de abril de 1970 com o senador norte-americano Gaylord Nelson, ativista ambiental, visando fomentar a consciência planetária para os problemas da contaminação, da conservação da biodiversidade e de outras preocupações ambientais para proteger a Terra.



Tentando incutir uma agenda ambiental, a primeira manifestação foi participada por duas mil universidades, dez mil escolas primárias e secundárias e centenas de comunidades, exercendo uma pressão social que teve os seus sucessos - a partir dela, os Governos dos Estados Unidos criaram a Agencia de Proteção Ambiental (Environmental Protection Agency) e uma série de leis destinadas à proteção do meio ambiente.

Em 1972 realiza-se a primeira conferência internacional sobre o tema - a Conferência de Estocolmo - tendo por objetivo sensibilizar os líderes mundiais para a magnitude dos problemas ambientais e para a urgência de medidas (políticas) capazes de erradicá-los...
“O Dia da Terra é uma festa que pertence ao povo, não está regulada por somente uma entidade ou organismo, tampouco está relacionado com reivindicações políticas, nacionais, religiosas ou ideológicas”. Relaciona-se com a tomada de consciência, com a educação ambiental e com a participação dos cidadãos, ambientalmente conscientes e responsáveis. Nela, todos podemos-devemos participar em atividades que promovam a saúde do nosso planeta, do nível global, ao local...

"A Terra é nossa casa e a casa de todos os seres vivos. Somos membros de uma comunidade de vida independente com uma magnífica diversidade de formas de vida e culturas. Nos sentimos humildes ante a beleza da Terra e compartilhamos uma reverência pela vida e as fontes do nosso ser..."
Tornando-se num importante acontecimento educativo, informativo e participativo, o dia é utilizado para avaliar os problemas do planeta: a contaminação do ar, água e solos, a destruição de ecossistemas, centenas de milhares de plantas e espécies animais dizimadas, e o esgotamento de recursos não renováveis.  Também é utilizado para insistir em soluções que minimizem as pressões das atividades humanas. Soluções que passam pela reciclagem, pela preservação de recursos naturais, como o petróleo e a energia, pela proibição de produtos químicos danosos, pelo fim da destruição de habitats fundamentais e pela proteção das espécies. 


Contudo, até 2009, o dia não era reconhecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) - quando a ONU reconheceu a sua importância instituiu o Dia Internacional da Mãe Terra, a sêr celebrado a 22 de abril - "... é uma chance de reafirmar nossa responsabilidade coletiva para promover a harmonia com a natureza em um tempo em que nosso planeta está sob ameaça da mudança climática, exploração insustentável dos recursos naturais e outros problemas causados pelo homem. Quando nós ameaçamos nosso planeta, minamos nossa própria casa - e nossa sobrevivência no futuro” (mensagem do secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon).


 “Precisamos cuidar mais do nosso planeta de uma forma simples, singela e gratuita e iniciar cuidando dos nossos pensamentos.
Pensamentos que geram sentimentos,
sentimentos e pensamentos que geram atitudes,
atitudes que geram ações.
Só assim podemos plantar belos pensamentos, lindíssimas idéias para um planeta melhor
Para nós, nossos filhos,
Para o próprio planeta.
Todos saem ganhando!” (1)


Façamos a nossa parte!!!

Fontes:




Flora, 900942

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Ameaças à Biodiversidade



Atualmente, estamos privados da existência de muitas plantas e animais, muito devido à  "soberba" e à incúria da “nossa espécie”!!



A diversidade biológica é uma das propriedades fundamentais da natureza, responsável pelo equilíbrio e estabilidade dos ecossistemas. Contudo, está débil e muito ameaçada devido ao impacto das atividades antrópicas...



Em Portugal, como no resto do mundo, a biodiversidade está ameaçada por mudanças na utilização dos solos que fragmentam, degradam e destroem os habitats, muito devido ao ao crescimento demográfico/urbanístico, industrial, agrícola, florestal, etc., fatores que tendem a intensificar-se no futuro e a gerar (ainda) maiores pressões;
pelas alterações climáticas que destroem habitats e organismos, perturbam os ciclos de reprodução e obrigam organismos a deslocar-se:
pela introdução de espécies exóticas invasoras que contribuem para a extinção das espécies endémicas – “alteram a dinâmica das cadeias alimentares, reproduzem-se e realizam uma competição desleal com as espécies nativas” (CDB) e,

 pela exploração excessiva dos recursos naturais !




Por outro lado, a mundialização, o individualismo e má governação são, também, apontados como ameaças à biodiversidade ...

sábado, 5 de abril de 2014

Banco Mundial prevê guerra por comida e água nos próximos anos


“As batalhas por alimento e água devem eclodir dentro de cinco a dez anos, devido ao efeitos das mudanças climáticas. A projeção do presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim, foi feita durante entrevista ao jornal britânico The Guardian.

Ele pediu que ativistas e cientistas trabalhem em conjunto para criar uma solução para este problema global, e usou o exemplo do HIV para demonstrar como a união de esforços pode resultar em soluções mais rápidas e mais eficazes.
A fim de manter o aquecimento global abaixo do limite acordado internacionalmente, de 2 graus Celsius, Kim observou que o mundo precisa de um plano para mostrar que está comprometido com a meta.
Ele delineou quatro áreas em que o Banco Mundial poderia ajudar a combater a mudança climática: investir em cidades mais limpas e sustentáveis, encontrar um preço estável para o carbono, reduzir os subsídios aos combustíveis fósseis e desenvolver uma agricultura mais inteligente e resistente ao clima.

Os comentários de Kim seguem a publicação da segunda parte do quinto relatório do Painel Intergovernamental das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (IPCC), que advertiu que nenhuma nação ficaria intocada pelo aquecimento global.
O relatório também alertou para os efeitos que as mudanças climáticas teriam sobre os preços dos alimentos, assim como em muitas outras áreas, como recursos hídricos. A produtividade agrícola pode cair 2% por década até o final do século, ao passo que a demanda deverá aumentar 14% até 2050.”


Apercebo-me que a situação é de tal modo grave que já não podemos continuar de "braços cruzados" como meros espetadores. Temos que nos consciencializar que a mudança começa com pequenos gestos, e em cada um de nós!




quinta-feira, 3 de abril de 2014

Águia-Pesqueira - Espécie "em perigo"



Algumas das espécies faunísticas existentes no Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina (PNSACV) encontram-se em risco de extinção. Entre elas, o guincho ou águia-pesqueira (Pandion haliaetus) que utiliza/utilizava esta costa rochosa como local de nidificação.


Esta ave de rapina carateriza-se por patas cobertas de escamas rugosas e por plumagem oleosa, com um grau de impermeabilização elevado, bastante útil para a qualidade e rapidez de suas pescarias...


Alimenta-se quase exclusivamente de peixe que captura com as garras após peneirar em voo. Entre as suas iguarias preferidas estão sargos e robalos (zonas costeiras), tainhas (zonas estuarinas) e carpas (água doce). Contudo, na sua dieta entram outros repastos, tais como pequenos mamíferos, pássaros, répteis, anfíbios, crustáceos e invertebrados



A Águia-pesqueira, exímia pescadora, “é uma espécie cosmopolita, já que se encontra em todos os continentes” (Alves, 2011). As maiores áreas de reprodução situam-se na América do Norte, na Europa e na Ásia, sendo relativamente comum na Escandinávia e Finlândia e nalgumas regiões da Rússia. No Sul da Europa e Norte de África é mais rara e apresenta uma distribuição localizada. No entanto, verifica-se um declínio acentuado, tendo chegando a extinguir-se em alguns pontos na Europa.

Em Portugal, a sua presença era comum ao longo da costa, desde Leiria até ao Algarve. Nela, havia uma população de vários casais nidificantes, ficando reduzida a apenas dois na Costa Sudoeste. Com a morte da fêmea do último casal desaparece como nidificante ...

Actualmente, é pouco "nidificadora" e essencialmente visitante, podendo ser observada ao longo de praticamente todo o ano, com maior incidência nas épocas de passagem migratória.


Causas:
Entre as principais causas, é referida a introdução do perímetro de rega como técnica agrícola. Medida que transformou o litoral alentejano e aumentou a presença humana, em muito responsável pelo (quase) desaparecimento da espécie.
Com a caça ao pombo-das-rochas muitas águias-pesqueiras foram abatidas ... Com o aumento da pesca à linha e desportiva, vários locais de nidificação foram perturbados e abandonados...

Outro aspeto salientado o  é intensivo uso de pesticidas e resíduos de DDT concentrados nos peixes, base do seu alimento! Quem refere este ponto de vista considera que, dada a legislação restritiva de seu uso, (felizmente) as populações de águias-pesqueiras começam a recuperar.

Preservação:

No Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal a espécie aparece com estatuto de “Em Perigo”

Alguns países tais como o Reino Unido, a Noruega e a Suécia têm vindo a investir em medidas de preservação. No entanto, no resto mundo, continua com uma representatividade muito reduzida!

No nosso país, desde 1997 que está extinta como reprodutora, ainda que em 2000 tenha havido uma nova tentativa de nidificação. “Desde então, e embora possa por vezes ser avistada no Inverno, a espécie ocorre normalmente em território nacional durante as migrações entre as áreas onde inverna, em África, e vários locais, nomeadamente do Norte da Europa, onde ainda nidifica, e aos quais é fiel” (Alves,2011)

No sentido de a preservar, em Julho de 2011, ao abrigo de um protocolo de reintrodução da espécie chegaram a Portugal 10 juvenis de águia-pesqueira. O plano passa por libertá-los perto da Albufeira de Alqueva, zona que deverão reconhecer como território natal regressando, depois do Inverno, para nidificar.
Com o estabelecimento de um núcleo reprodutor espera-se a recolonização das zonas de ocorrência histórica em território nacional.


Para a preservar na Costa Alentejana, foi sendo (recorrentemente) sugerido o diálogo e  a sensibilização dos pescadores da região, com o intuito de os tornar parceiros na protecção da espécie. Contudo, apesar dos enumeros alertas de organizações ambientalistas e de ecologistas, pouco considerados, constata-se uma significativa perda do ponto de vista da riqueza e da biodiversidade de Portugal...


Fontes: