O binómio homem-mar remonta aos primórdios da humanidade. Desde sempre que o homem se procurou fixar junto dos cursos da água, nomeadamente junto ao mar, procurando melhores condições vida - desde a actividade piscatória até aos descobrimentos marítimos que fazem parte da nossa história!
No mar tanta tormenta e tanto dano,
Tantas vezes a morte apercebida!
Na terra tanta guerra, tanto engano,
Tanta necessidade avorrecida!
(Luís Vaz de Camões, Os Lusíadas, Canto I)
A Terra é composta por cinco Continentes separados por quatro Oceanos, componentes principais da superfície da Terra.
São grandes extensões de água salgada que ocupam cerca de dois terços da superfície terrestre e, por meio da interacção com a atmosfera, litosfera e biosfera, têm um papel importante nas condições climáticas do planeta. São grandes produtores de oxigénio e os principais reguladores térmicos, absorvendo mais de um quarto do dióxido de carbono libertado pelas actividades humanas.
São parte do ciclo da água, habitats de várias espécies marinhas, fontes de riqueza, importantes vias de comunicação, de desenvolvimento, de bem-estar e de lazer.
As Conferências das Nações Unidas sobre o Homem e Meio Ambiente (CNUMA) e sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD) abrem novas visões e perspectivas em torno das problemáticas, exploração e preservação dos oceanos.
Segundo o 17º Capitulo da CNUMAD “o meio ambiente marinho – inclusive os oceanos e todos os mares, bem como as zonas costeiras adjacentes – forma um todo integrado que é um componente essencial do sistema que possibilita a existência de vida sobre a terra (…) contém habitats diversos e produtivos, importantes para os estabelecimentos humanos, para o desenvolvimento e para a subsistência das populações”.
Contudo, e apesar de ser um recurso vital para todos os seres vivos, o seu estado periclita – A poluição global, e das águas em particular, vem provocando desequilíbrios e perturbações no vasto ecossistema marinho e diminuindo a sua biodiversidade.
As causas são diversas e podem ter origem natural. No entanto, são as atividades antropogénicas as grandes fontes de poluição e a sua maior causa.
As causas são diversas e podem ter origem natural. No entanto, são as atividades antropogénicas as grandes fontes de poluição e a sua maior causa.
A poluição das águas traduz-se na contaminação de corpos de água por elementos que podem ser nocivos ou prejudiciais aos organismos e plantas, assim como à atividade humana
Pela recomendação da GESAMP e do ICES, poluição representa “a introdução pelo Homem, direta ou indirectamente, de substancias ou energia no ambiente marinho, resultando em efeitos nocivos que prejudiquem os recursos vivos, sejam um perigo para a saúde humana, se tornem um obstáculo para as atividades marítimas, incluindo a pesca, diminuam a qualidade da água do mar para ser utilizada e reduzam a utilização da água para amenidades” (in Carapeto, 1999)
A sociedade industrializada e o modelo de desenvolvimento
Económico vêem contribuindo acentuadamente para o desequilíbrio dos
ecossistemas, nomeadamente, dos marinhos. “Muitas das substâncias poluidoras
provenientes de fontes terrestres representam problemas particulares para o
meio ambiente marinho, visto que apresentam ao mesmo tempo toxicidade,
persistência e bioacumulação na cadeia alimentar” (CMAD:236)
Exemplo disso, é o aumento do tráfego marítimo, em
particular dos grandes petroleiros e a exploração de grandes plataformas
petrolífera, causando stress à vida marinha e originando os maiores e mais
gravosos perigos ecológicos – podendo causar enormes desequilíbrios nos
ecossistemas e nas atividades socioeconómicos das regiões afectadas - em caso
de acidente ou de derrame de combustível, o petróleo flutua e alastram-se
hidrocarbonetos que provocam agressões
irreversíveis na fauna e flora marinha,
contribuindo em grande medida para a poluição global dos nossos oceanos
O petróleo e/ou “lastro” dos depósitos de navios,
quando despejado em mar alto, representa toneladas de produtos
petrolíferos/hidrocarbonetos. As correntes marítimas favorecem a sua
proliferação, com consequente formação de “marés negras”.
Com elas, os raios solares não penetram e os seres
não realizam o processo metabólico do qual depende toda a biota marinha. O
resultado é a proliferação generalizada de organismos anaeróbios e a asfixia de
peixes e aves, e de outros elementos da fauna e flora marinhas.
Contudo, lamentavelmente, o problema persiste e
todos os anos toneladas de poluentes entram no sistema aquático-marítimo
provocando graves danos sócio-ambientais.
Muito
embora as diretivas e a actual legislação sancionem tais condutas e
procedimentos, extensa área marítima e a
escassez de meios, "teimam" em dificultar a sua preservação ...
Em Sines, a questão não é diferente !
Os seus problemas estruturais estão, enraizadamente, associados à poluição - do ar, da água e do mar.
Sines, com suas águas profundas (ideais para a
atracagem de navios de grande calado), com favorável orientação do litoral e
localização geográfica do cabo, oferece condições ótimas para o tráfego de
redistribuição de ramas para a Europa.
Assim, na década de setenta, o Governo
decidiu instalar no concelho o grande
complexo portuário-industrial do país.
Com ele, dá-se uma mudança abrupta no quotidiano e
nas dinâmicas locais…
Delapidam-se recursos e emitem-se muitos poluentes ambientais que fragilizam um processo sustentável de desenvolvimento.
Contudo, a actual conjuntura reclama um modelo de desenvolvimento sustentável e medidas de preservação da sua biodiversidade.
Referências:
Carapeto,
C., 1999. Poluição das águas. Universidade Aberta, Lisboa
CNUMAD,
1992. Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, Rio
de Janeiro.
Sem comentários:
Enviar um comentário