A Biodiversidade é resultado de milhões de anos de evolução e tem
um valor fundamental para a sobrevivência humana.
Em 2011, o Comissário Europeu para o Ambiente, Janez Potočnik defendia biodiversidade como “a variedade de formas de vida na Terra que torna o nosso
planeta habitável e bonito” (CEA,2001)
Em sua conceção, dependemos da natureza para muitos recursos
vitais, como alimentos, matérias primas, fontes de calor, têxteis,
ingredientes activos e medicamentos,... como fonte de Bem-estar, de lazer, de inspiração
e de prazer... realça ainda, que nos oferece muitas outras funções, tais como a polinização das plantas, a filtragem do ar, da água e do solo e a
protecção contra inundações.
Dado o seu valor, Potočnik lamenta que nos esqueçamos demasiadas
vezes da sua importância e que nas sociedades
industrializadas, a biodiversidade seja tomada como certa, vista como algo livre
e eterno. No entanto, adverte, "as pressões que exercemos sobre a natureza estão a
aumentar e muitas actividades humanas representam uma enorme ameaça” (Idem)
Da longa lista de pressões salienta a destruição e fragmentação de
habitats, a poluição do ar, da água e do solo, a sobrexploração das zonas
pesqueiras, dos recursos, das florestas e das terras, a introdução de espécies
não nativas, bem como o aumento da libertação de gases com efeito de estufa.
No sentido de travar esta tendencia, a União Europeia cria uma rede
de áreas protegidas, a Rede Natura 2000 – em suas palavras, “é a maior rede de áreas protegidas no mundo, o que demonstra a
importância que damos à biodiversidade” (Ibidem)
A Rede Natura resulta
da implementação de duas Diretivas Comunitárias:
- A Diretiva Aves, nº 79/409/CEE de 2 de abril, visa a conservação dae aves selvagens e de seus habitats;
- A Diretiva Habitats, nº 92/43/CEE de 21 de maio, a proteção dos habitats da fauna e da flora selvagens.
A Rede Natura
2000 cria Zonas de Proteção Especial (ZPE) que visam garantir a conservação das espécies de aves, e seus habitats, incluindo espécies
de aves migratórias. E, Zonas Especiais
de Conservação (ZEC) que tentam "assegurar a Biodiversidade,
através da conservação dos habitats naturais e dos habitats de espécies da
flora e da fauna selvagens considerados ameaçados no espaço da União Europeia".
(ICNF)
A “Estratégia Nacional de Conservação da Natureza e da
Biodiversidade” (ENCNB), “resulta da necessidade de cumprimento da obrigação jurídica
internacionalmente assumida por Portugal no contexto da Convenção sobre a
Diversidade Biológica e na Estratégia da União Europeia em matéria de
Diversidade Biológica e Directivas Aves e Habitats” (GPP, 2013). A ENCNB
assumiu três objetivos primordiais: (i)“conservar a Natureza e a diversidade
biológica, incluindo os elementos notáveis da geologia, geomorfologia e
paleontologia; (ii)promover a utilização sustentável dos recursos biológicos; (iii)contribuir
para a prossecução dos objectivos visados pelos processos de cooperação
internacional na área da conservação da Natureza em que Portugal está envolvido”
(RCM nº 152/2001)
Atualmente, ao
abrigo do Decreto-Lei n.º 142/2008, de 24 de julho “são classificadas como áreas protegidas as áreas terrestres e
aquáticas interiores e as áreas marinhas em que a biodiversidade ou outras
ocorrências naturais apresentem, pela sua raridade, valor científico,
ecológico, social ou cénico, uma relevância especial que exija medidas
específicas de conservação e gestão, em ordem a promover a gestão racional dos
recursos naturais e a valorização do património natural e cultural,
regulamentando as intervenções artificiais susceptíveis de as degradar” (ICNF)
(Paisagem do Sudoeste Alentejano)
A classificação em Áreas
Protegidas (AP) divide-se em Parque Nacional, Parque Natural, Reserva Natural,
Paisagem Protegida, e Monumento Natural. Esta classificação é um estatuto legal de proteção
adequado à manutenção da biodiversidade e dos serviços dos ecossistemas e do
património geológico, e da valorização do património natural.
Entre os Parques Naturais, consta o Parque Natural
do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina (PNSACV). Nele, encontra-se a Reserva Natural das Lagoas de Santo
André e da Sancha - localizada no sudoeste de Portugal, região do Alentejo, que ocupa parte da costa dos municípios de Sines e de Santiago do Cacém - São lagoas costeiras de tipo mediterrânico, um dos tipos de zonas
húmidas mais vulneráveis.
Pela Convenção de Ramsar, “zonas
húmidas são zonas de pântano, charco, turfeira ou água, natural ou artificial,
permanente ou temporária, com água estagnada ou corrente, doce, salobra ou
salgada, incluindo águas marinhas cuja profundidade na maré baixa não exceda os
seis metros."
A Reserva constitui-se
por um conjunto de ecossistemas litorais e sub-litorais, incluindo os sistemas
lagunares e uma diversidade de ecossistemas aquáticos e ribeirinhos influenciados por águas doces e
salobras, com pequenas áreas de sapal, salgueirais, caniçais, juncais,
urzais palustres e pastagens húmidas.
(Caniçal ® Sandro Nóbrega
in ICNF)
A classificação como
AP objetiva a "conservação do elevado valor ecológico destas duas
zonas húmidas e das suas zonas envolventes, nomeadamente enquanto áreas
importantes para a reprodução, invernada e migração de aves" (ICNF)
O estatuto visa, também, proteger o complexo dunar envolvente e a faixa marítima adjacente que alberga uma fauna marinha característica.
Referências:
CEA (2001). "Cartilha 52 Gestos para a Biodiversidade". http://ec.europa.eu/environment/nature/info/pubs/docs/brochures/biodiversity_tips/pt.pd
GPP (2013). "Estratégias de Conservação da Biodiversidade". Disponível em; http://www.gpp.pt/ambiente/biodiversidade/Biodiversidade.pdf
ICNF Portal do Instituto da Conservação da Natureza e Florestas. Disponível em: http://www.icnf.pt/portal/naturaclas/ap/rnap
RCM (2001). Resolução do Conselho de Ministros n.º 152/2001