quinta-feira, 3 de abril de 2014

Águia-Pesqueira - Espécie "em perigo"



Algumas das espécies faunísticas existentes no Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina (PNSACV) encontram-se em risco de extinção. Entre elas, o guincho ou águia-pesqueira (Pandion haliaetus) que utiliza/utilizava esta costa rochosa como local de nidificação.


Esta ave de rapina carateriza-se por patas cobertas de escamas rugosas e por plumagem oleosa, com um grau de impermeabilização elevado, bastante útil para a qualidade e rapidez de suas pescarias...


Alimenta-se quase exclusivamente de peixe que captura com as garras após peneirar em voo. Entre as suas iguarias preferidas estão sargos e robalos (zonas costeiras), tainhas (zonas estuarinas) e carpas (água doce). Contudo, na sua dieta entram outros repastos, tais como pequenos mamíferos, pássaros, répteis, anfíbios, crustáceos e invertebrados



A Águia-pesqueira, exímia pescadora, “é uma espécie cosmopolita, já que se encontra em todos os continentes” (Alves, 2011). As maiores áreas de reprodução situam-se na América do Norte, na Europa e na Ásia, sendo relativamente comum na Escandinávia e Finlândia e nalgumas regiões da Rússia. No Sul da Europa e Norte de África é mais rara e apresenta uma distribuição localizada. No entanto, verifica-se um declínio acentuado, tendo chegando a extinguir-se em alguns pontos na Europa.

Em Portugal, a sua presença era comum ao longo da costa, desde Leiria até ao Algarve. Nela, havia uma população de vários casais nidificantes, ficando reduzida a apenas dois na Costa Sudoeste. Com a morte da fêmea do último casal desaparece como nidificante ...

Actualmente, é pouco "nidificadora" e essencialmente visitante, podendo ser observada ao longo de praticamente todo o ano, com maior incidência nas épocas de passagem migratória.


Causas:
Entre as principais causas, é referida a introdução do perímetro de rega como técnica agrícola. Medida que transformou o litoral alentejano e aumentou a presença humana, em muito responsável pelo (quase) desaparecimento da espécie.
Com a caça ao pombo-das-rochas muitas águias-pesqueiras foram abatidas ... Com o aumento da pesca à linha e desportiva, vários locais de nidificação foram perturbados e abandonados...

Outro aspeto salientado o  é intensivo uso de pesticidas e resíduos de DDT concentrados nos peixes, base do seu alimento! Quem refere este ponto de vista considera que, dada a legislação restritiva de seu uso, (felizmente) as populações de águias-pesqueiras começam a recuperar.

Preservação:

No Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal a espécie aparece com estatuto de “Em Perigo”

Alguns países tais como o Reino Unido, a Noruega e a Suécia têm vindo a investir em medidas de preservação. No entanto, no resto mundo, continua com uma representatividade muito reduzida!

No nosso país, desde 1997 que está extinta como reprodutora, ainda que em 2000 tenha havido uma nova tentativa de nidificação. “Desde então, e embora possa por vezes ser avistada no Inverno, a espécie ocorre normalmente em território nacional durante as migrações entre as áreas onde inverna, em África, e vários locais, nomeadamente do Norte da Europa, onde ainda nidifica, e aos quais é fiel” (Alves,2011)

No sentido de a preservar, em Julho de 2011, ao abrigo de um protocolo de reintrodução da espécie chegaram a Portugal 10 juvenis de águia-pesqueira. O plano passa por libertá-los perto da Albufeira de Alqueva, zona que deverão reconhecer como território natal regressando, depois do Inverno, para nidificar.
Com o estabelecimento de um núcleo reprodutor espera-se a recolonização das zonas de ocorrência histórica em território nacional.


Para a preservar na Costa Alentejana, foi sendo (recorrentemente) sugerido o diálogo e  a sensibilização dos pescadores da região, com o intuito de os tornar parceiros na protecção da espécie. Contudo, apesar dos enumeros alertas de organizações ambientalistas e de ecologistas, pouco considerados, constata-se uma significativa perda do ponto de vista da riqueza e da biodiversidade de Portugal...


Fontes:


3 comentários:

Unknown disse...

Acho interessante o post que publicou sobre a Águia-pesqueira. Fez uma apresentação simples. Direta e eficaz para compreendermos e reconhecermos a águia-pesqueira e o seu comportamento.
É importante o realce que fez para o facto desta ser uma espécie que se encontra em vias de extinção, e por isso em perigo, assim como a alteração do seu comportamento a nível de nidificação.
A reflexão sobre as causas é necessária pois o comportamento e o risco de extinção desta espécie resulta da ação antropogênica, sendo importante que se promova a consciencialização humana.

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
florabiodiversidade disse...

Obrigada Marta,

considero da maior importância que, cada um de nós, faça "um bocadinho" em prol da consciencialização, que poderá mudar atitudes e comportamentos.

Façamos a nossa parte, junt@s somos mais fortes!

Flora