Por
Paulo R. Haddad - O Estado de S.Paulo.
Disponível em: http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,o-valor-economico-da-biodiversidade,613345,0.htm
Disponível em: http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,o-valor-economico-da-biodiversidade,613345,0.htm
Esta
noticia refere a divulgação de um resumo do estudo do Programa das Nações
Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) que apresenta as vantagens da sociedade manter
e preservar os seus ecossistemas diante das alternativas de seu uso predatório.
Além da parte concepual, traz uma série de exemplos de países e
regiões que beneficiaram do uso racional e responsável de seus recursos
ambientais. O argumento central do estudo é de que o meio ambiente presta
diversos serviços para a sociedade, quando adequadamente conservado ou
preservado.
Os
serviços ambientais são benefícios derivados da natureza que podem ser: diretos
(alimentos, por exemplo) ou indiretos (ciclo de nutrientes ou filtragem das
águas); e tangíveis (matérias-primas, ...) ou intangíveis (prazer estético ou
experiência espiritual, por exemplo). Podem ser providos localmente (turismo)
ou em escala global (sequestro de carbono). Podem ser dispersos (serviços
medicinais da floresta tropical) ou importantes para as futuras gerações (manutenção
da biodiversidade).
Converter serviços ambientais em fluxos monetários que gerem renda e emprego de maneira sustentável é o grande desafio que se apresenta para um processo de desenvolvimento de regiões ricas em biodiversidade.
Converter serviços ambientais em fluxos monetários que gerem renda e emprego de maneira sustentável é o grande desafio que se apresenta para um processo de desenvolvimento de regiões ricas em biodiversidade.
O
estudo mostra, por meio de diferentes e múltiplos casos, como a avaliação dos
serviços ambientais a partir de informações científicas é um passo essencial
para a melhor gestão do capital natural do País e de suas regiões. Destaca que,
para reduzir a invisibilidade económica das perdas da biodiversidade, é preciso
identificar o que ocorre quando os ecossistemas são degradados ou quando há
perdas de serviços ambientais e, em seguida, estimar o seu equivalente
monetário. Essa estimativa vem na sequência de um processo de avaliação que
começa, em geral, com as mudanças nas políticas públicas – como, por exemplo,
os impactos do novo Código Florestal.
O
valor económico total dos serviços ambientais será igual ao seu valor de uso
direto (insumos e produtos), mais seu valor de uso indireto (ciclo de
nutrientes, proteção das bacias hidrográficas), o seu valor de opção para usos
futuros, mais o seu valor de existência (fauna e flora como objeto de valor
intrínseco). Dessa forma coloca-se a questão de como alocar ativos ambientais
que têm usos alternativos para as gerações presentes e futuras.
- Os recursos podem ser preservados, ou seja, nenhum uso humano é permitido na sua exploração.
- Eles podem ser conservados, ou seja, a ação antrópica pode ocorrer, desde que sejam mantidos os serviços e a qualidade dos recursos naturais ao longo do tempo.
Assim,
há um grande espectro de opções de conservação, principalmente quando se levam
em consideração os demais objetivos de desenvolvimento (geração de emprego e
renda, redução da pobreza absoluta e da pobreza relativa, etc.) e os
respectivos trade-offs, que se
definem, economicamente, a partir de seus custos e benefícios relativos para a
sociedade.
Além
do mais, a introdução dos serviços ambientais nos mercados apresenta diversos
obstáculos de implementação. Destaca-se a definição de um mecanismo pelo qual
os fundos gerados pelos serviços beneficiem de fato as populações locais (os
povos das florestas, por exemplo) e não apenas governos e intermediários.
De qualquer forma, o relatório deixa claro que uma das
fragilidades das políticas ambientais, neste caso, no Brasil, é a de utilizar demais os
mecanismos de comando e controle de baixa efetividade e pouco os instrumentos
económicos, numa sociedade em que, frequentemente, as pessoas tendem a mudar
seu comportamento em razão dos estímulos com que se deparam
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