segunda-feira, 19 de outubro de 2015

O Alentejo encanta o mundo e recebe prémios atrás de prémios



Em doze meses o Alentejo foi eleito a melhor região vinícola do mundo, bem como um dos 21 melhores destinos para se visitar, e viu o cante alentejano ser considerado património da humanidade.

O celeiro de Portugal, situado mesmo abaixo do coração do país e que seduz pelo ritmo lento que lhe está associado. Era assim que no início do ano a National Geographic Traveler descrevia o Alentejo, considerado pela revista um dos 21 melhores destinos a visitar em 2014 ao lado de sugestões como Cabo Verde, Nova Orleães ou Puglia, na Itália.

Com os elogios longe de cessar, em maio era a vez do britânico Guardian falar do destino — que produz metade do vinho no país e é líder mundial na produção de cortiça — como a nova Toscana ou a Toscana mais acessível.

No currículo de uma região que ocupa 33% do território nacional há também espaço para uma menção global, a de melhor região vitivinícola do mundo a visitar. O título resultou de uma votação promovida pelo USA Today, o maior diário norte-americano, e pelo portal para viajantes 10Best. A região portuguesa ficou à frente de nomes importantes no universo vínico — como Champanhe, em França, e a espanhola La Rioja –, num total de 20 candidatos pré-selecionados pelos peritos Frank Pulice e Kerry Woolard. Talvez por isso a próxima cidade europeia do vinho se encontre em pleno Alentejo. Reguengos de Monsaraz foi escolhida pela Rede Europeia das Cidades do Vinho (RECEVIN) e bateu em concurso a Bairrada, Monção e Melgaço.

A imprensa internacional, ao que parece, tem estado de acordo no que à qualidade do vinho e sabores alentejanos diz respeito. Isto porque também Évora teve direito a subir ao pódio. Em setembro, foi nomeada pelo Daily Meal uma das nove melhores cidades do mundo pela oferta que faz chegar ao prato e ao copo. Quando pensamos em Portugal, pensamos em Lisboa, mas Évora merece definitivamente a nossa atenção, escreveu, então, o jornalista Aly Walansky. Isto porque na cidade medieval de “pratos originais”, é possível encontrar pequenos restaurantes que servem muitos petiscos, vinho de primeira categoria e sobremesas clássicas inventadas nos conventos de Évora no século XVI.

Os feitos alentejanos ganharam novamente proporções globais com o cante a ser considerado Património Cultural Imaterial da Humanidade, pela UNESCO. A decisão veio diretamente de Paris no final de novembro, três anos depois de o Fado ter semelhante distinção.

E para a acabar o ano em beleza, o espanhol El País publicou na passada sexta-feira, 12 de dezembro, um artigo no qual apelidou a região em causa de finura rural, dando destaque a Moura, Estremoz, Elvas e Monsaraz, isto é, vilas portuguesas que dialogam com o campo e que souberam preservar uma naturalidade elegante.

A julgar pelo sucesso além-fronteiras, a região de uma paisagem diversa, com sobrados, oliveiras e praias à mistura, promete continuar na mó de cima e a tempo de uma resolução de fim de ano. 

Do que está à espera? visite-nos!

Quercus aplaude publicação de legislação que premeia reciclagem


Foi publicada legislação que vem criar um incentivo de 1,5 milhões de euros anuais para os sistemas de gestão de resíduos urbanos que mais reciclarem. Esta legislação era pedida pela Quercus há bastante tempo e vem corrigir a falta de incentivos à reciclagem constantes na Lei da Fiscalidade Verde.

Com efeito, a legislação em causa - o Decreto-Lei n.º 233/2015 de 13 de outubro – vem estabelecer que 35% das receitas da Taxa de Gestão de Resíduos (TGR) cobrada aos sistemas de gestão de resíduos urbanos reverte, num máximo de 1,5 milhões de euros anuais, para os sistemas de gestão de resíduos urbanos que apresentarem um melhor desempenho em termos de reciclagem.

A TGR é uma taxa paga ao Estado pelos sistemas que tratam resíduos urbanos, mas os valores estabelecidos para a TGR através da Lei da Fiscalidade Verde penalizam pouco o aterro e a incineração de resíduos recicláveis, pelo que esta taxa não estava a cumprir o seu papel de ferramenta de incentivo à boa gestão dos resíduos, nomeadamente ao aumento da reciclagem. O próprio Ministro do Ambiente já tinha reconhecido que esta questão não tinha sido bem resolvida na Fiscalidade Verde.

Com a publicação desta legislação e respetivo incentivo à reciclagem espera-se agora que os sistemas de gestão de resíduos urbanos façam um esforço maior na recolha seletiva de resíduos recicláveis e no tratamento dos resíduos indiferenciados, através de processos que permitam a sua reciclagem antes de serem enviados para aterro ou incineração. 

Convém ainda lembrar que Portugal tem de reciclar 50% dos seus resíduos urbanos recicláveis até 2020 e que a sua atual taxa de reciclagem ronda os 25%, tendo assim de duplicar a reciclagem em 5 anos, pelo que todos os meios não serão demais para se atingirem aqueles objetivos. 

Lisboa, 14 de Outubro de 2015
A Direcção Nacional da Quercus - Associação Nacional de Conservação da Natureza

Sim, "Só uma pequenez intelectual precisa de ser revestida de todo o aparato hierárquico que lhe seja possível"


O senhor doutor é um parolo

Como ficámos todos doutores ...


Por esta altura já toda a gente reparou que em Portugal, como no resto do mundo desenvolvido, já há muito que não é privilégio raro alguém concluir quer uma licenciatura quer um mestrado, graus equivalentes ao bacharelato e à licenciatura pré-reforma de Bolonha, respectivamente.


Por não ser privilégio, mas mesmo que fosse, é com renovado vigor que a cada ano que passa aumenta o número de pessoas esclarecidas que desprezam esses licenciados e mestrados que se apreciam pelos seus graus, muito particularmente àqueles que se fazem tratar pelo título de doutor.

Compreende-se que em meados do século XX, num Portugal pobre e iletrado, mais o contexto duma ditadura que promovia o culto da hierarquia, quem alcançasse uma mera instrução de ensino superior quisesse tomar para si um título que o engrandecesse entre os demais. Enganando quem não a tinha alcançado, esses licenciados na cidade voltavam às origens rurais com uma licenciatura e a convicção de merecerem um tratamento deferencial com um título que não era seu:

«‘Senhor’, não: ‘senhor doutor’!»,

exigiam esses simplórios das pessoas simples.

E as tais pessoas simples impressionavam-se, não com a conquista do mais alto nível académico possível, mas pela forma autoritária que o seu detentor a bradava como sinal de poder e direito ao respeito. Se ao menos soubessem que o respeito vem do mérito, e não do estatuto.

Acontece que tal cretinice nunca nos passou de moda cá em Portugal, nem após o 25 de Abril de 1974. Pelo contrário, parece ter-se estendido com a crescente afluência de pessoas ao ensino superior que usurpavam agora para si também aquele título.

Mas ao mesmo tempo, quando com o fim da ditadura e a abertura à mobilidade transfronteiriça muita gente começou a tomar contacto com os reais costumes de trato formal académico de outros países desenvolvidos, começou a tornar-se conhecido o facto do «doutor» servir só para se referir a médicos e detentores de doutoramentos. Só que como toda esta fraude é para consumo doméstico, os licenciados e mestrados têm conseguido manter o título mesmo nos nossos dias.

Então surge uma explicação defensiva que seria hilariante se não fosse dita como se fosse muito a sério: que os licenciados podem usar abreviação «Dr.» e que os doutorados, esses sim, até têm direito ao «Doutor» escrito por extenso.

Uma patetice terceiro mundista que inventámos para manter o costume do trato oral do doutor, que é o que interessa aos que a defendem, já que pouca correspondência escrita hão-de receber esses insignificantes.

A abreviação tem o mesmo significado que a palavra que abrevia, ou cabe na cabeça de alguém um «Sr.» ser menos que um «Senhor»?

Até o próprio desconhecer do valor duma abreviação é sintomático da ignorância e fé no estatuto dessa gentinha que lhe crê diferenças de significado.

Claro que a esta discussão poderemos trazer a própria necessidade dos títulos. Vejo como expressão de parolice professores universitários tratarem-se mutuamente em presença dos alunos com uns tristes «o professor doutor Tal isto» e «o professor doutor Tal e Tal aquilo». E por todo o lado por este país, colegas de trabalho — colegas! — tratam-se por doutor. Extraordinária mediocridade.

O resultado ao que isto chegou é termos desde arrumadores de carros a tratarem por doutor e doutora toda e qualquer pessoa que lhes possa dar uma moeda, até aos mais altos arrumos da nossa sociedade, onde os dizeres de pompa e subserviência são a moeda corrente.

Concluir um doutoramento, até isso, não é grande conquista intelectual nem sinal de grandeza nenhuma de espírito. Um doutorado em qualquer país de tradição mais igualitária, onde as pessoas se fazem valer pelo seu mérito pessoal, rapidamente dispensa aos seus colegas o tratamento formal.

Só uma pequenez intelectual precisa de ser revestida de todo o aparato hierárquico que lhe seja possível. Em sociedades democráticas e igualitárias, onde as ideias e posições intelectuais valem pela qualidade da sua sustentação, o apelo à magistralidade da pessoa é uma falácia e um grande sinal do seu contrário.

Quando um estrangeiro cá chega impressiona-se primeiro com a quantidade de doutoramentos que por cá há, achando-nos um povo muito dotado academicamente. Mas logo cai a impressão por terra quando descobre, como quem sente ter descoberto uma fraude, que afinal é tudo uma fantasia terceiro-mundista.

Ao menos que a pretexto da reforma de Bolonha se eduquem as pessoas para o uso correcto do termo «doutor». Digamos-lhes que é para harmonizar com as convenções da civilização.

Os doutores sem doutoramento deste país são assim, no panorama internacional, como aqueles que usam roupas e acessórios de marcas contrafeitas.

Se por cá até um doutoramento daqueles que dão mesmo o título de doutor se pode fazer em algumas faculdades de menor qualidade como quem realiza um mais um trabalhinho, meramente mais longo, de ensino superior — tira ideias daqui, tira dali, junta-lhe eventualmente um estudo empírico, e embrulha-o numa redacção pobre de escrita e de espírito por quem não está habituado a ler — não se tirando daí grande mérito, tornam-se os falsos doutores então uma coisa ainda mais triste. É que tirar um doutoramento, em Portugal, é infelizmente para alguns até uma forma de adiar o desemprego, obtendo uma bolsa como forma de subsídio de desemprego, tornando-se no fim os mais medíocres e subservientes, em muitas das nossas faculdades,professores doutores. De doutores de treta, a treta de doutores, toda a nossa academia e toda a nossa sociedade está cheia de treta.

Noutras áreas, há aparentemente ainda outros títulos usurpados em Portugal, como os engenheiros-técnicos se apropriam do título de engenheiro. Não é só tudo falso, como é por cá o mau uso generalizado dos títulos uma fraude socialmente aceite.

O mau gosto é tão mau, que não são raros os que até pedem ao banco que gravem o seu nome com o título académico — no seu cartão de débito.

Desconfio que muitos doutores (Drs.?) portugueses se sentiriam nus se se permitissem deixar que o tratassem por senhor, por senhora, ou simplesmente pelo seu nome. Só que neste país onde já não há mais quem não saiba, realmente, que a quem conclua um doutoramento é que lhe é conferido o título de doutor, parece-me que insistirmos todos neste teatro é vivermos um conto nacional cheio de reis que vão nus, todos vestidos de doutorice num tecido intelectual inexistente.

Tratarmo-nos uns aos outros por doutor é tão oco como bacoco.

Chega deste envergar de patentes académicas que não correspondem nem a valor intelectual nem a coisa alguma. É pindérico, é patético e, senhores doutores e senhoras doutoras, é muito parolo.

Não seja um (Rj Pinho)






Por amor de Deus, chame-me Zé!



Ó Sr. Prof. Dr. Eng.!

Aos meus olhos estrangeiros, todos estes títulos revelam falta de auto-estima. Quase ninguém parece capaz de quebrar a tradição, e de dizer “por amor de deus, chame-me Zé, não Sr. Dr. Prof. Eng..."

A utilização de títulos é muito importante em Portugal. Na Grã-Bretanha, existem muitos títulos. Há Lords e Ladies, Dames, Dukes e Sirs, e não devemos esquecer Majesties e Highnesses. No entanto, acontece que não há muitas pessoas com títulos desse género. Existem, por outro lado, os títulos profissionais: por exemplo, “Reverend” para os padres anglicanos, “Doctor” para os médicos (até chegarem a “consultants”, quando se tornam Mr. ou Mrs. de novo), ou “Professor” para os catedráticos nas universidades. Fora das forças armadas e da magistratura, não há outros títulos profissionais. Existem, claro, pessoas que levam os títulos demasiado a sério, mas há ainda mais que lhes ligam nenhuma.



Até o uso de Mr. ou Mrs. (ou Miss ou Ms.) se reduziu muito nestes últimos cinquenta anos. São formas utilizados de uma maneira parecida à de Sr. e Srª. em Portugal, para mostrar um certo respeito, falta de reconhecimento, ou para manter uma distância saudável de pessoas que não suportamos. Estas formas de tratamento são muitas vezes esquecidas logo que se estabelece uma razoável familiaridade entre as pessoas, até no emprego. Não me lembro de alguma vez ter chamado Mr. ou Mrs. a um chefe. 

O título Dr. é utilizado para anunciar publicamente que essa pessoa dá jeito no caso de nos encontrarmos doentes, e não para suscitar adulação ou respeito (as pessoas com doutoramentos podem intitular-se Dr., mas muitas não usam o título, talvez para evitarem ser chamadas num avião quando outro passageiro sofre um ataque cardíaco.)

Na Grã-Bretanha, os veterinários não são Drs., e os arquitectos não têm título, nem os engenheiros. Estes profissionais usam letras a seguir aos seus nomes, para utilizarem em sítios oficiais, para explicarem que são qualificados e registos com as instituições respectivas, mas não há veterinário que espere de um agricultor humilde que lhe diga: “Bom dia, Mr. Harris, BVetMed MRCVS, pode dar uma vista de olhos à minha vaca, se faz favor?” Os professores não têm título profissional, nem os outros diplomados, com a excepção dos de medicina.

Em Portugal, também há muitos títulos… e muitas e muitas pessoas que os usam.

Há tantos doutores que não há nada de especial em ser doutor. Doutores de medicina SÃO especiais, e estarei sempre disposta a chamar-lhes o que quiserem, sempre que a minha vida estiver nas suas mãos.

Se o leitor é arquitecto, irrita-se se o pedreiro não lhe chamar Sr. Arquitecto em sinal de respeito, mesmo sabendo que pelas suas costas ele lhe chama idiota? E o leitor chama-lhe o quê a ele? Sr. Pedreiro? Não, chama-lhe o Zé (ou talvez “Sôr” Zé). Se você é engenheiro, sente-se respeitado porque uma pessoa utiliza o seu título correcto, mesmo que eles se riam da sua insistência em ser chamado Sr. Engenheiro?

É tudo porque quer ser respeitado publicamente, não é? Mais: quer ser considerado melhor do que os outros e tratado melhor do que os outros, só porque tem uma licenciatura ou mestrado desta ou daquela espécie?

Clamar por respeito é pouco digno e absurdo, porque o respeito devia-se ganhar (para além de ser simplesmente merecido quando se é um ser humano decente) através do que uma pessoa realmente faz bem. Não? Parece que há pessoas que consideram os títulos académicos mais importantes do que o trabalho, do que curar, do que construir, do que ensinar, do que desenhar, do que a coisa que realmente nos define e justifica o respeito dos outros — o trabalho duro e honesto.

Aos meus olhos estrangeiros e patetas, todos estes títulos revelam falta de auto-estima. Quase ninguém parece capaz de quebrar a tradição, e de dizer “por amor de deus, chame-me Zé, não Sr. Dr. Prof. Eng.”. E assim, o sistema dos títulos excessivos continua, de tal modo que dá ideia de que o respeito público depende de um mero título universitário. É uma grande pena, porque Portugal realmente tem muitas, mas muitas pessoas que merecem respeito e justificam orgulho, sem precisarem de ser doutores. ()

Tudo se reutiliza e transforma...


Brasileiro cria máquina que transforma garrafas pet em utensílios domésticos



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Num mundo onde o descarte se tornou comum, o lixo não nos parece mais algo estranho, convivemos tranquilamente com ele e o produzimos todos os dias. 

O que fazer a respeito? 
Como fazer a diferença em um mundo tão grande onde os prejuízos ambientais são tão grandes quanto? 

O ex-vendedor de farmácia Alceu Rocha teve uma grande ideia: criar uma máquina capaz de transformar garrafas pet que seriam descartadas no meio ambiente em produtos de utilidade doméstica, como corda de varal e vassouras.

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A invenção, que utiliza peças de carenagem, corrente e coroa de bicicleta, motor de máquina de lavar roupa, cano PVC e madeira, já tem produzido resultados excelentes na comunidade onde mora, em Rondônia, onde já reciclou mais de 7 mil garrafas.

"Quando jogam no bueiro, as pessoas não imaginam o antes e depois daquilo, quando deixa de ser lixo e se torna um produto reciclado", destaca o inventor. "Eu sempre procuro estar olhando em locais que podem existir garrafas pet para fazer a coleta do material", acrescenta.

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Agora, o sonho de Alceu é criar uma nova máquina, mais segura e equipada, segundo as exigências da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Para isso, conta com a ajuda de todos que queiram ajudá-lo a gerar um impacto cada vez maior no mundo